quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O que restou de mim

 Olho no espelho e estranho meu reflexo

Eis o que me tornei

Um total estranho pra mim mesmo

   

Alguém patético,dominado por emoções e medos fúteis

Nem sombra do que já fui e jamais voltarei a ser  

Tudo o que sinto é um profundo ódio da pessoa que me tornei  


Ideias,certezas e convicções de outrora

Hoje são apenas resquícios de um antigo eu                           

O que restou de mim além de uma carcaça vazia?


Procuro-me em todos os lugares       

E só acho um imenso vazio 

Tudo o que me resta é contemplar tal abismo

segunda-feira, 19 de março de 2018

Cansado

Sucumbindo diariamente ao peso de meus fracassos
A fadiga do existir multiplica-se a cada passo dado
Fardos irremediáveis,fantasmas de minhas estupidas ações
Subtraindo de mim expectativas e esperança
Apenas resta-me culpas e frustrações

O erro de ontem e a incerteza angustiante do amanhã
Esmagam-me com um peso intolerável
Há uma guerra dentro de mim
Cujo fim virá apenas com meu próprio fim

Com a visão turva pelo alcool
Enxergo a realidade tal como é
Nauseante e caótica
Desprovida de qualquer senso ético-moral
Assim,apenas abraço o obscuro futuro que nos espera
A morte é apenas a cura da doença denominada vida

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Miséria ou O carrasco que habita minha mente

Miserável! eis o que realmente sou
Um ser desgostoso com tudo
Descontente com sua própria existência
Não obstante,entrego-me a essa dor constante

O ofício de viver jamais terá recompensa
Seu único salário é a morte
Lamentável ilusão aquilo que chamamos felicidade
Apenas atiça nosso desejo de alcança-la
Para em seguida desiludir-nos

Já não persigo mais nada
Resignei-me com migalhas da vida
Lucro é não deixar-se enganar
Pela perigosa ideia de sucesso que nos vendem

Todos os meus interesses,heróis,idolos,ambiçoes e sonhos - Mortos
Sabes o que é não sentires nada além de uma angustiante apatia
Dia após dia?


Não temo nenhum juíz,policial ou soldado
Nenhum deles faz frente ao carrasco que habita em minha mente
Sem direito a defesa ou recurso,escracha-me a cada segundo
Sou escravo de meus pensamentos,e minha alforria está longe de chegar...

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A eterna insatisfação humana

Sempre estamos desejando,querendo,sonhando com algo. Desde crianças incutem em nossas mentes a traçar planos e objetivos,que os sonhos são o combustível da vida.Acontece,contudo,que no momento em que alcançamos nossos objetivos,satisfazemos nossos desejos,etc,sempre iremos querer mais,e caso não seja possível,surge aí então uma angústia enorme,crises existenciais,tédio...A música Gente,do Raulzito,exemplifica bem essa condição humana :

"Gente é tão louca
E no entanto tem sempre razão
Quando consegue um dedo
Já não serve mais, quer a mão
E o problema é tão fácil de perceber

É que gente
Gente nasceu pra querer
Gente tá sempre querendo
Chegar lá no alto
Pra no fim descobrir
Já cansado que tudo é tão chato"


Somos escravos de nossas vontades.Não suportamos o tédio e o vazio advindos da satisfação de nossas necessidades,e assim nos mantemos sempre correndo atrás de algo,e por vezes,em tais ocasiões,surgem os vicios.A vontade move o mundo,porém não podemos ter tudo o que queremos,não podemos nos saciar sempre,por inúmeros fatores: moral,aspecto financeiro,etc.
Na (pós)modernidade,ainda somos instigados ao consumo intenso e desenfreado,apontado pelo capitalismo como a solução para nossas angústias,tédio e vazio.Desejar e comprar,eis o lema de nossos dias.Mas parece que tal fórmula não vem funcionando,visto que os indices de depressão só aumentam em nossa era de progresso e avanços cientificos.Então,como controlar ou amenizar isso? Talvez só aceitando nosso destino,nos conformando com o tédio e buscando conforto apenas em nós mesmo.



terça-feira, 30 de maio de 2017

Frustrações

Olhar-se no espelho e tudo que consegue ver é apenas um grande idiota. Frustrado,sem perspectivas de futuro e mentalmente arruinado. Ver-se como um colecionador de fracassos e decepções,cuja habilidade de manter relaçoes afetivas e sociais é quase nula;e assim,toma o caminho do isolamento,pois assim evita machucar outros ao seu redor,e principalmente,a si mesmo. Uma fagulha de esperança no futuro ainda o mantém vivo,e concentra-se na luta contra o capitalismo e sua mediocre existência que nos proporciona,nos escravizando e arrancando cada minuto de nossas vidas e transformando em lucro;mas no fundo tem ciência de que a destruição do mesmo é uma utopia distante,pois jamais será possível construir uma sociedade livre com individuos encarcerados nos calabouços de suas mentes. Tudo o que vê hoje são pessoas com sorrisos falsos,desejos supérfluos e sonhos impossiveis,impulsionados por uma visão distorcida de felicidade concebida por quem lucra com nossa miséria financeira,politica e psicológica. Assim,só o que lhe resta são cinzas de sonhos já abandonados e uma angústia incessante pelo tenebroso futuro que nos espera.Frustrado,amargurado e isolado,incapaz de reagir,sufocado pela própria prisão mental que construíra,dá um trago no venenoso cigarro que tanto aprecia,e junto com a fumaça,expele todo o resto de esperança que ainda possuíra.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Crônicas de um jovem cínico e desencantado : primeiro relato


Acordo sobressaltado. Olho o relógio,são 14 horas. Meu sono reflete minha vida;descontrolado. Ao contrário das demais pessoas,meus pesadelos acontecem quando estou acordado. Preso em uma realidade na qual nada faz sentido a não ser o sofrimento;acorrentado a convenções sociais idiotas que me obrigam a me desfazer de mim mesmo;pressionado a seguir o rebanho que caminha para seu próprio abate. Tais pensamentos consomem toda minha energia tal como o cigarro fode meu pulmão. Levanto-me da cama,desorientado,penso somente no primeiro cigarro do dia.O dia está terrivelmente quente. Maldito calor. Penso em chamar um amigo pra sair,mas constato que não tenho amigos. Sou visto como chato e anti social,devido a tolerancia zero para com imbecis. Mas nao me importo.Ninguém tem. Todas as nossas relações estão calcadas em mentiras e bajulação...estes são os pilares da civilização. Estamos todos sozinhos como um barquinho de papel à deriva no oceano. Almoço e então compro um vinho barato. Ah,como é bom embriagar-se! Anestesiar o cérebro do doloroso e pesado fardo que é a existência! Gorfo,não só o álcool envolto de corantes,pedaços de comida e dignidade,mas também toda a raiva e angustia,os verdadeiros venenos que diariamente estão no meu organismo. Então durmo,para no dia seguinte acordar para mais um dia qualquer numa rotina robótica e vazia.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

A doce companhia da solidão

Fazer sexo,baladas,tudo aquilo que se enquadra como "entretenimento",geralmente atividades que envolvam várias pessoas,é somente um artificio,um engodo,extremamente superestimado,no qual tudo o que importa é não estar sozinho. As pessoas em geral temem a solidão,fogem dela como o diabo foge da cruz. Por que? Será tão difícil assim aceitarmos a solidão e a apreciarmos,sem ficarmos desesperados em busca de prazeres ilusórios,sob o disfarce de carpe diem? Esse hedonismo é repugnante. Mesmo aqueles que se dizem "desconstruídos" acabam sendo atraídos para uma construção social,embora mais devido ao desenvolvimento do capitalismo,em que o motor da existência é a busca pelo prazer,banal,superficial e consumista. Não há espaço para a dor,a tristeza,a angústia ,tédio e para a reflexão sobre o mundo que nos cerca e sobre nós mesmos - são sentimentos vistos essencialmente como ruins,indesejáveis. Há naturalmente no homem,um instinto de evitar a dor e buscar o conforto,mas numa sociedade extremamente hedonista,stressada,tal impulso acaba servindo a propósitos econômicos,de dominação. Atividades como leitura,contemplação de si mesmo,da vida,etc,são evitadas a qualquer custo. É imposto que o prazer advém somente do sexo com trocentas pessoas diferentes,de relação afetivas superficiais,da necessidade constante de companhia e distração da curiosidade filosófica através de banalidades - drogas,roles,"reality" shows,religião. É compreensivel,visto que é bem mais fácil "ser feliz" quando não se questiona nada,quando você não exercita seu cérebro,não instiga sua curiosidade nem busca conhecimento. No final,me sinto confortável de manter distância de pessoas rasas. Ou de qualquer pessoa.